Guns'N Roses

Guns N` Roses no Pavilhão Atlântico: A ilusão de Axl Rose

07-10-2010 12:25

 



Os Guns N` Roses trouxeram a democracia chinesa a Lisboa. Confirmado: Axl Rose é polémico, uma estrela, não respeita minimamente os seus fãs mas ainda sabe dar bons concertos.

Muito se especulou que «requinte de malvadez» nos traria desta vez Axl Rose ao seu concerto no Pavilhão Atlântico: amuar pela não concretização de uma das 41 exigências feitas à promotora nesta digressão? Atrasos? O que veio a acontecer foi um, esperado, atraso de noventa minutos. Incompreensível!

Quem aproveitou bem o masoquismo de Axl Rose foi Sebastian Bach, ex-Skid Row, na primeira parte, que a cada segundo do concerto quis tornar Lisboa na capital do rock`n`roll. O gigante Bach que fazia do microfone uma autêntica corda de rodeo, com especial atenção ao resto da banda para não ser atingida, concretizou um concerto competente, sem ser delirante . Os exitos «Monkey Business» e «Remenber You» provaram que os Skid Row já souberam acompanhar os Guns nos anos 90, quando líamos as revistas Bravo e Pop Rock, edicão alemã. Portas abertas, pois, para um regresso de Sebastian Bach a Portugal.

Após 90 minutos de espera, definidos como uma tensão equilibrada entre devoção e falta de paciência, em que até a onda se fez no Pavilhão Atlântico, eis que Axl Rose e companhia entram em palco ao som de «Chinese Democracy», tema título de um álbum que demorou anos a dar à luz e que não correspondeu de todo às expectativas, tendo no entanto vendido 5 milhões de cópias. Axl veio apetrechado com umas jeans rasgadas, camisa bem aberta, T-shirt, um grande crucifixo e um bigode imponente. É nesta altura que as mães explicam às filhas a loucura que Axl representou nas suas juventudes. Loucura essa agora transformada, diriam as filhas, em falta de gosto no vestuário e no excesso de gordura corporal. Axl Rose responde contudo às duas gerações em «I`ve Got Is Precious Time», irónico e prova de como ainda se considera uma estrela.

Com uma banda muito competente onde se destacaram os guitarristas DJ Ashba, a imitar Slash no chapéu-cartola, Richard Fortus e Ron «Bumblefoot» Thal, nas introduções aos temas propriamente ditas. Excelente a interpretação do tema-titulo do desenho animado «Pantera Cor-de-Rosae». Temas como «Welcome to the Jungle» e «Live and Let Die» são acompanhados por uma massiva estrutura composta por três ecrãs, pirotecnia e um fantástico jogo de luzes. Um suporte essencial para que os Guns N` Roses possam continuar a dar a ideia que são uma banda de estádio.

À medida que o concerto avançava Axl sai mais vezes do palco, ora para trocar de roupa, ora para, talvez, tomar uma bomba de ar ou dar uma leitura rápida nas letras, facto que fez com que o concerto perdesse pulsão. Por estas e por outras razões sentiu-se a falta de Slash, ex guitarrista da banda, pois os músicos, que agora acompanham Axl, são competentes mas têm pouco carisma. Outros factores menos bons foram o volume excessivo do microfone de Axl Rose, oferecido no final ao público, que fazia com que os nossos tímpanos quisessem fugir Atlântico fora.

Com «November Rain», épico de «Use Your Illusion 1», os três guitarristas dividiram-se em solos, com Axl ao piano, momento muito esperado. Não temos a certeza se chovia fora do Pavilhão Atlântico mas dentro fazia um calor infernal devio à quantidade de isqueiros acesos. O assobiado «Patience» e o derradeiro «Paradise City» trazem-nos luz, cor, imagem e uma erupção de confettis onde Axl canta o último tema «Oh Won’t you please take me home?»

Vamos para casa porque hoje é dia de trabalho e o atraso do concerto não foi bom, principalmente para aqueles que vindos do norte do país tinham que apanhar o comboio das 01h10 para Porto- Campanhã. O concerto acabou cerca das 02h15! Vamos para casa depois de ver um espectáculo satisfatório, que nos permitiu ouvir clássicos, que fazem e farão sempre parte da história do rock. O resultado final do concerto é um equilíbrio entre estas duas situações e um desequilibro no alinhamento do concerto.

Axl é uma estrela, o resto não interessa.

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